domingo, 25 de novembro de 2007

Aborto (ou abortamento) provocado: pretensa medida de saúde pública

"Aborto" como medida de saúde pública (Adson França). Falta aparecer quem o defenda como proposta de combate à fome, à pobreza e à criminalidade

O diretor de Ações e Programas Estratégicos do Ministério da Saúde, Adson França, favorável à proposta rejeitada, criticou a decisão, classificando-a como "hipócrita".

Segundo ele, o aborto é um problema de saúde pública, que precisa ser enfrentado pela sociedade.


Comentário do Blog

Inicialmente, devemos dizer que colocamos a palavra "aborto", entre aspas, por ser ele, geralmente, mal empregado, uma vez que seu significado é o de produto do abortamento, termo este que corresponde ao "ato de abortar", portanto, mais correto.

A "apelação" para o abortamento, como pretensa medida de saúde pública, tem um significado incontestável.

"Aborto" ou abortamento, como pretensa medida de saúde pública (Adson França), significa a antítese de autênticas medidas, consagradas como tal, e defendidas por doutros sanitaristas.

Esta estapafúrdia proposta corresponde à confissão das autoridades responsáveis, do fracasso das verdadeiras medidas de saúde pública, as quais pretendem, assim, "tapar o sol com peneira".

Se esta aberração se concretizar, não tardará a aparecer profissionais, ainda mais "aloprados", capazes de defender a prática do abortamento como proposta de combate ao analfabetismo, à pobreza, à miséria, à fome, á mortalidade infantil e à criminalidade.

Certamente os autores da proposta estão incluídos entre aqueles sanitaristas e, até professores da área, com quem já convivi, sem a necessária vivência das atividade intra-hospitalares, resultante da distorção do do ensino médico, pois os alunos se dirigem para as especialidades, antes mesmo, de tornarem médicos, motivo porque alguns sanitaristas, ainda que médicos, nunca trabalharam em um hospital, abdicando da possibilidade de se tornarem profissionais generalistas, do que resultam propostas de soluções fragmentárias, como a de considerar o abortamento como medida de saúde pública.

Esta proposta, decorrente do fracasso da saúde de medidas preventivas, pressionaria, ainda mais, a demanda à combalida assistência hospitalar, ao transformar gestantes sadias (gestação é um estado fisiológico e não patológico), em pacientes da assistência hospitalar, tirando vagas de outros mais necessitados, aumentando, ainda mais, a balbúrdia e o caos.

Como a maioria dos sanitaristas nunca fizeram um parto normal, muito menos um parto cirúrgico, estão geralmente inaptos para realizar um procedimento abortivo, desconhecendo, portanto, as implicações éticas, ao pretenderem impor a categoria médica, pois em face do juramento hipocrático e do nosso código de ética, a maioria dos médicos não está disposta receber ordens para setornar exterminadores de fetos viáveis, para suprir deficiência de medidas de saúde pública.

Na minha vivência como clínico, sanitarista e professor de saúde pública, conheço um caso, do qual tenho testemunhas, de uma tentativa de abortamento provocado, do qual resultou no nascimento de uma criança, hoje, com mais de trinta anos e já se tornou mãe.

Este é um dos elementos de minha convicção, se não bastassem o meu passado, dedicado à ecologia, inclusive tendo documento do extinto SNI, em que relata o comparecimento em reunião, representando o movimento verde de um partido político, o que por si só, justificaria ser contra o abortamento, principalmente, quando, por uma imposição do Estado.

Devo acrescentar que nada tenho contra a descrimalização do aborto, pois esta medida, além de isentar de culpa a incauta gestante que desejar provocá-lo (ao praticar um ato de foro íntimo ou de livre arbítrio) e o médico que venha atendê-la, pois esta medida eliminaria o abortamento clandestino e, os conseqüentes resultados nefastos decorrentes da clandestinidade, viria eliminar um dos principais argumentos dos "sanitaristas aborteiros", para a adoção sistêmica da malfadado processo abortivo, com o propósito único de suprir o fracasso das medidas preventivas, a fim de isentá-los das suas responsabilidades as transferir para o setor curativo.

Clemenceau afirmara que a guerra é uma coisa muito séria, para ficar afeta aos generais, certamente, enquanto gerais, pois De Gaulle, Eisenhauer e outros, embora Generais, foram, sobretudo, estadistas.

Parafraseando Clemenceau, poderíamos afirmar que a saúde publica constitui um caso muito sério, para ficar afeto, apenas a sanitaristas, pelo menos, enquanto sanitaristas.

Para concluir, registramos parte da conversa, em filme cinematográfico, em que dois atores, em que um, militar, se dirigiu ao outro, médico, parabenizando pelos seus feitos e, afirmando:
a sua missão é salvar vidas, ainda que indignas, enquanto a minha é exterminá-las, mesmo que dignas.

A instituição do abortamento massificado, exterminador, não cabe no papel do médico.

Para esta "missão desumana", chamem outro profissional, ou então, que os médicos responsáveis pela instituição dela, abdiquem da sua condição de médico, para não desabonar ou comprometer a honorabilidade da nossa categoria profissional!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Temporão vai ignorar resolução antiaborto

Brasília - A resolução da Conferência Nacional de Saúde proibindo a discussão sobre aborto no País será desconsiderada pelo Ministério da Saúde. "A conferência não é deliberativa", observou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Desde que assumiu o cargo, Temporão passou a dar destaque ao tema e defendeu um plebiscito para decidir sobre a descriminação da interrupção da gravidez.

Para feministas, a resolução reflete a intransigência de setores religiosos. "É fundamentalismo. Não aceitar nem mesmo a discussão sobre o tema mostra a intolerância de parte de alguns grupos", observou Dulce Xavier, do grupo Católicas pelo Direito de Decidir. Integrantes de movimentos feministas são unânimes em reconhecer o empenho de setores religiosos para não deixar passar na conferência nada relacionado à interrupção da gravidez.

Um esforço que, para alguns setores, faltou ao governo. "O ministro tem o mérito de ter dado destaque a esse debate. Mas faltou uma posição mais firme. Não basta o ministro, é preciso que todo o ministério, todo o governo atue", avalia Gilberta Santos Soares, do movimento feminista Cunhans.

O presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, também atribui o resultado a um clima de "já ganhou" vivido pelo ministério. "Faltou humildade", sentenciou. Uma falha que, em sua avaliação, se repetiu também com relação à discussão sobre as fundações estatais - um modelo de gestão defendido pelo ministério para melhorar a produtividade e a qualidade de serviços de saúde. Nessa forma de administração, funcionários são contratados por CLT, há maior liberdade para contratação e pagamentos são feitos de acordo com a produtividade. A proposta provocou críticas de sindicalistas, foi reprovada pelo Conselho Nacional de Saúde em meados deste ano e, agora, rejeitada pela Conferência Nacional de Saúde.

Temporão, no entanto, assegurou ontem que não vai retirar o projeto que regulamenta a criação das fundações estatais do Congresso. "Vou continuar buscando no Congresso Nacional uma lei que garanta ao SUS e aos hospitais o mínimo de eficácia", observou. O ministro, que saiu derrotado, não poupou críticas à conferência. Afirmou que ela falhou por não propor alternativas e demonstrou uma "postura pouco comprometida com o social e sem interesse nas pessoas que são atendidas pela rede pública de saúde". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

http://noticias.uol.com.br/ultnot/brasil/2007/11/20/ult4469u14056.jhtm

domingo, 18 de novembro de 2007

Conferência de Saúde rejeita descriminalização do aborto

18/11/2007 - 15h56


Brasília - Com uma grande mobilização da Igreja Católica e da Pastoral da Criança, os delegados da 13ª Conferência Nacional de Saúde rejeitaram hoje a proposta de apoio à legalização do aborto no País. A proposta foi a primeira a ser votada no plenário final do encontro, que reuniu 5 mil pessoas em Brasília. A expectativa do Ministério da Saúde era de que a proposta fosse aprovada, já que sete das dez plenárias preliminares aprovaram o apoio à descriminalização do aborto.

"A descriminalização não é uma solução boa para a mulher. O aborto não resolve o problema de saúde no Brasil", disse Clóvis Boufleur, da Pastoral da Criança, e um dos principais articuladores na Conferência para a rejeição da proposta. Segundo ele, a vitória só foi possível depois que a palavra "aborto" foi incluída no texto da proposta a ser votada. Quando a proposta foi discutida nas plenárias, segundo ele, a palavra aborto não constava do texto. "Muitas pessoas não sabiam direito o que estavam votando", disse o representante da Pastoral. Para Boufleur, a decisão reflete a posição da sociedade e reforça a pressão política no Congresso Nacional contra a aprovação de projetos a favor do aborto.

O diretor de Ações e Programas Estratégicos do Ministério da Saúde, Adson França, favorável à proposta rejeitada, criticou a decisão, classificando-a como "hipócrita". Segundo ele, o aborto é um problema de saúde pública, que precisa ser enfrentado pela sociedade. França reclamou do fato de a proposta ter sido a primeira a ser votada, quando o plenário da Conferência Nacional de Saúde ainda não estava cheio e era ocupado, na maioria, por representantes mobilizados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Adriana Fernandes

http://noticias.uol.com.br/ultnot/brasil/2007/11/18/ult4469u13948.jhtm